Ele corria o quanto podia. Suava tanto que seus cabelos
ruivos da cor do fogo grudavam em seu rosto. Mas mesmo assim seu perseguir
estava cada vez mas perto de alcança-lo. Em outros tempos e outros lugares
teria o despistado com suas pegadas, como já havia feito com inúmeras pessoas.
No entanto aqui, seus pés com formato estranho só o atrapalhava. Atravessou por
entre carros escutando buzinas e xingamentos. Desviou e entrou em uma travessa
com pouco movimento. Seu perseguidor se aproximava e já não havia nada que pudesse
fazer. Se escondeu em um canto, procurou
alguma coisa com que pudesse riscar a parede. Desenhou um simbolo e o escondeu
com algum saco de lixo. Nisso sentiu a presença de seu adversário. Estava ali
de pé á poucos metros, uma forma escura e distorcida. Tentou lutar mas foi
inútil. Logo sentiu o toque gélido do caçador penetrar sua pele e alcançar seu
coração. Então sentiu sua vida lhe abandonando aos poucos.
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O homem com chapéu e terno branco caminhava
tranquilamente. Se dirigiu até certa casa e então tocou a campainha. Uma voz
doce e serena pode ser ouvida de dentro da casa.
- Quem é?
- Um velho amigo.
A porta se abriu e uma mulher loira surgiu na porta.
- O que esta fazendo aqui?
- Ora, Iara, isso são modos de receber um amigo. Não vai
nem me convidar para entrar¿
Iara fez um sinal para que o home entrasse. Dentro da
casa uma criança brincava na sala.
- Sua filha²?
- Sim. Minha e do Lucas.
- Lucas? Ah, sim. Quase me esqueço. O nome que ele
escolheu usar. Então vocês ficaram juntos afinal.
- Você sabia que seria assim, Vitor.
- Não precisa me chamar de Vitor.
- Escolheu outro nome? Ou prefere que eu te chame de
Boto?
- Boto-Cor-de-Rosa.
- Bem, Boto-Cor-de-Rosa, o que faz por aqui? Melhor falar
logo. Meu marido esta para chegar.
- Eu deveria ficar assutado? Me disseram que ele é mais calmo hoje.
- Mas eu não.
Nisso, os dois escutam a porta abrir e um homem de
grande porte entra na casa.
- Oi Lucas – disse o Boto-Cor-De-Rosa.- Estávamos falando
de você.
- O que você esta fazendo na minha casa com a minha
mulher
- Ele já estava de saída.
- Fora daqui já.
- Calma, não tem por que ficar nervoso. Vim falar algo
importante. E é bom que estejam os dois aqui por que é um assunto que diz
respeito á todos nós.
Os três ficaram em silêncio por um instante. Lucas então
falou.
- O que você teria pra falar que pudesse nos interessar?
- O Curupira está morto.
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