Por agente DPC
PROMESSAS
Quanto vale a palavra de uma pessoa?
Qual a validade de uma promessa?
Vale qualquer coisa para fazer o que se promete?
Essas perguntas se passavam na cabeça de Carlos enquanto
ele corria de volta para sua casa.
— Porque prometi isso? Aff como sou burro. — pensou
Carlos.
Quanto mais ele corria, mais parecia que não chegaria a
tempo. Carlos começou a ficar aflito. Pensou em todas as possibilidades possíveis
que poderia ter feito para cumprir o que tinha prometido, pensou em como
escapar ileso dessa situação, mas tudo parecia impossível agora. Era caso de
vida ou morte e não poderia escapar disso, teria que enfrentar o problema que
ele mesmo criou por quebrar uma promessa.
Quando chegou à rua de sua casa prometeu a si mesmo que
se sobrevivesse dessa vez nunca mais faria algo que não pudesse cumprir.
O suor escorria de sua testa, seu coração estava
acelerado, seus pensamentos desorientados.
Ele abriu o portão de sua casa. Pronto. Não tinha como
voltar atrás. Era agora ou nunca. Ele poderia se sentir mais confiante porque
já tinha sobrevivido outras vezes, mas não conseguia porque a cada vez parecia
que era pior, parecia que as consequências aumentavam a cada vez. Era terrível aquela
sensação de terror e incerteza que percorria por todo seu corpo.
Entrou em casa e de repente se deparou com a imagem mais
aterrorizante que ele tentava evitar todos os dias de sua vida. No fundo ele
sabia que dessa vez seria mais difícil do que as outras para garantir sua vida
e a criatura monstruosa que viu só confirmava suas suspeitas.
Ele era alto, corpulento, tinha uma cara intimidadora.
Ele foi chegando perto de Carlos que já estava com suas pernas tremendo, mas
não conseguia sair do lugar. Quanto mais a criatura chegava perto, maior e mais
aterrorizante ficava.
— Ai meu Deus me ajuda. É agora. — pensou Carlos. — Desculpa.
Eu prometo que não faço mais isso. Por favor, me da mais uma chance. — disse
ele aterrorizado.
— Mais uma chance? Você promete? Faça-me um favor Carlos.
Você é um irresponsável. Como que você sai meio dia de casa e só chega agora
quase nove da noite em plena quinta feira? Você acha que tem idade pra isso? Seu
sem vergonha. Tem coragem de deixar sua mãe preocupada até agora. Essa não é a
primeira vez que você faz isso.
— Mas pai eu ...
— MAS PAI NADA. AGORA VOCÊ VAI VER O QUE VAI TE
ACONTECER.
Naquela noite Carlos levou um corretivo de seu pai e mais
uma bronca de sua mãe e ficou de castigo. Por um mês não iria poder ir à casa
dos seus amigos. Ele sabia que estava errado e ficou triste porque deixou seus
pais preocupados e no final de tudo pensou se tinha valido a pena quebrar a
promessa que tinha feito pra mãe de chegar cedo na sua casa só por causa do
final da aventura de RPG que estava jogando com seu grupo.
................
Três meses depois do castigo, Carlos combinou uma partida
de RPG com seus amigos.
— Mãe to saindo. Vou lá na casa do João. — disse ele.
— Vai o que? Já esqueceu o que você fez menino?
— Mas mãe eu PROMETO que não vou demorar.
— Ta bom. Cuidado filho. Não demora.
Carlos saiu rápido antes que a mãe mudasse de ideia. Mas
dessa vez iria cumprir a promessa, ou tentaria pelo menos.
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