O sistema de jogo
Um
dos trunfos de TOP é que ele traz um sistema de jogo bastante interessante e
bem elaborado. Os personagens se dividem nas quatro categorias básicas dos
RPGs: guerreiro, curandeiro, invocador (summoner) e feiticeiro. Muitos jogos
trazem essas classes de personagens, mas em Tales o papel de cada classe é bem
mais marcado que em outros RPGs. Em suma, o único personagem que realmente vai
partir para o “mano-a-mano” é Cless, o guerreiro. Mint, a curandeira,
dificilmente vai acertar uma bordoada em alguém, limitando-se a ficar lá atrás,
usando suas magias de cura e auxílio. Klarth, o invocador, e Arche, a
feiticeira, vão usar e abusar das magias. Isso não costuma funcionar muito bem
em outros RPGs, porque o grupo geralmente é posto todo em uma mesma “frente” de
combate, o que faz com que seus frágeis curandeiros muitas vezes sejam
atingidos por seus adversários. Em Tales, porém, a disposição do grupo (que é
personalizável) malandramente coloca os magos mais para trás por padrão, e a
não ser que você seja surpreendido por um inimigo, na maioria das vezes Cless
vai ser uma espécie de escudo para a “cozinha da magia”.
Fora
isso, a cada batalha vencida uma pequena quantidade de TP (pontos de técnica) é
restaurada, e há uma abundância de itens para a recuperação deles, além de
equipamentos que recuperam TP durante as batalhas. Isso estimula o uso pesado
de magias, de modo que você não se verá “economizando” seus magos para guardar
magia para os chefes. Sendo assim, a “cozinha” em Tales é tão ou mais útil que
Cless, mesmo nos combates rotineiros.
O combate em Tales é bem dinâmico e muito divertido
O
combate corpo-a-corpo também não fica atrás: Cless conta com seu próprio
arsenal de técnicas com a espada. Conforme você faz uso delas, Cless vai
aprendendo técnicas novas, o que mais uma vez estimula o uso das mesmas.
Nota-se a preocupação dos desenvolvedores em estimular o uso das técnicas
especiais de cada personagem, o que contribui para que o jogador valorize suas
características individuais. Gol de placa da equipe de desenvolvimento.
Como
se isso já não bastasse, os combates são bem dinâmicos. Cless é o único
personagem cujo movimento você controla. Suas técnicas são realizadas por
combinações simples de botões, e a técnica utilizada varia de acordo com a
distância entre o personagem e os adversários. Os outros personagens
movimentam-se por conta própria, mas você pode ordenar que invoquem as magias
que desejar. Dentro ou fora da batalha você também pode definir a postura de
cada personagem, ordenando a Klarth, por exemplo, que invoque a maior
quantidade de elementais possíveis, e a Mint que priorize a cura dos
personagens. O sistema de combate como um todo funciona muito bem, e é uma pena
que mais jogos não tenham aproveitado as boas idéias de Tales.
Outro
ponto de destaque são os itens. A quantidade de itens em Tales é enorme — na
verdade, enorme demais para o meu gosto, e eu terminei o jogo sem parar para
ver o que muitos deles faziam, porque são muitos mesmo. Acrescente a isso o
fato de que alguns itens podem ser transformados em outros com o auxílio de um
item especial, o que dobra a complexidade da coisa toda. Os japoneses são
doidos por esse tipo de coisa, mas eu acho um pouco complicado demais. A
tendência se repetiria num futuro jogo da Tri-Ace, Star Ocean 2, com uma
quantidade ainda mais bizarra de itens. Mas eu provavelmente estou sendo
injusto: tendo um emulador com centenas de jogos, é fácil reclamar da
complexidade do sistema de itens. Porém, se eu estivesse jogando em um Super
NES de verdade, e só pudesse comprar uma meia dúzia de jogos, isso
provavelmente seria uma benção, pois eu jogaria tudo de novo para dominar o
inventário e descobrir todos os itens possíveis.
Aliás,
Tales oferece uma bela quantidade de extras. Devido à minha falta de tempo eu
tive que passar direto por várias side-quests, mas percebe-se que há muito a
ser feito no jogo, em particular na segunda metade. Sem falar no truque que
habilita o modo hard, que deve dar um novo fôlego ao jogo. Para habilitar o
modo hard, basta apertar A + B + X + Y na tela de abertura.
Músicas de primeira
Toca mais uma aí, parceiro!
As
músicas de Tales são um verdadeiro desbunde, o que não é uma grande surpresa
para quem conhece o nome Motoi Sakuraba. Motoi é um conceituado compositor de
trilhas. São obras suas as trilhas dos já mencionados Arcus Odissey e El
Viento, além de Star Ocean, Baten Kaitos, Valkyrie Profile e de toda a série
Tales. Vale destacar o tema de abertura que é cantado, uma raridade na era dos
16 bits.
As
músicas se encaixam muito bem com os diversos eventos do jogo, e coroam a
experiência. São a cereja do bolo. O próprio Motoi faz uma pontinha no jogo,
tocando em um bar na cidade de Alvanista.
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