ATO III
OLHOS VERDES
Esperei chegar o dia, não via à
hora de ver ela, mas chovia muito, era um daqueles dias que nos obriga a ficar
em casa vendo série o dia todo na TV. Acordei cedo as 7h30, por mais que não
tivesse dormido direito eu não me importava, porque hoje era o dia que todas as minhas frustrações seriam vencidas,
ela seria minha , não só uma amiga, mais minha pra sempre, como nos romances
das telenovelas que os mocinhos sempre se ferram e depois no final ele casa com
a mocinha.
Logo tratei de enviar uma
mensagem para ela dizendo o seguinte: posso te ver agora, tenho uma surpresa
s2. Em seguida ela responde:
“=) Oba! Surpresa! me espera em
frente a paróquia as 10h00 s2.”
Eu teria então quase duas horas
para ensaiar o que dizer pra ela, eu não sabia, estava eufórico, ansioso,
confuso. Nunca tinha me sentido assim. Quando menos esperei deu a hora de sair.
A chuva ainda estava insistente, mas eu não ligava pra ela, parecia que ela
estava lavando meu espírito de todas as preocupações banais.
Cheguei a paróquia de São
Gonçalo, ás 9h50, e fiquei esperando, ela chegar, até que um carro parou e
buzinou várias vezes, eu já estava irritado com aquele mal educado buzinando
pra mim. Cheguei perto e o vidro que era filmado abaixou lentamente. Era ághata!
Sorrindo ela logo disse:
- Que
cara feia é essa meu? Maior chuva você acha
que eu ia vir de metro? Entra aí!
- não sabia que você tinha carro! – eu disse
surpreso enquanto ela se preparava para sair.
Ela responde:
- Tem tanta coisa que você não sabe sobre mim
seu noob! – e novamente sorriu de forma doce e gentil.
Seguimos para o parque Siqueira
Campos, e antes de chegar ela já havia perguntado várias vezes qual era a
surpresa. eu reuni toda minha coragem e disse:
- eu também gosto de você Ághata, a muito
tempo, porque você não falou logo que o cara que você gosta sou eu?
Infelizmente ela soltou uma
gargalhada debochada balançando a cabeça negativamente, tirou os óculos escuros
que usava e disse:
- Messias acorda! Eu não disse
que era você porque não é! Você ta bem? Pra mim você é um irmão mais velho, você
sabe muito bem que eu perdi meu irmão e você o lembra em muita coisa. Sinto muito
se eu deixei parecer outra coisa.
Nessa hora eu não tive outra
reação, pedi para parar o carro, e desci. Corri o mais rápido que podia em
direção ao meu apartamento. Tranquei tudo, desliguei os telefones. E sentei na
cama. Uma imagem não saia da minha cabeça. A forma que ela me olhou quando eu
saí do carro, era um olhar sereno, porém paralisante. Essa imagem ficou na
minha cabeça como se fosse uma fotografia, um fantasma me aterrorizando:
Todos os meus piores sentimentos vieram à tona
eu só pensava em vingança:como ela pode fazer isso? Quem é esse desgraçado que
atraiu ela? Será que os dois estavam brincando comigo o tempo todo? Eu não queria pensar racionalmente estava possuído
de frustração e ciúmes. Resolvi ligar o
celular pra saber se ela se preocupou comigo ou se ia fazer outra piada. Na mesma
hora ela me ligou pra saber se eu estava bem. Então o plano veio em minha
mente, como se fosse o próprio Sonneillon.
Fingi calma e pedi pra ela me
encontrar as 21h00 no parque Siqueira Campos, ela concordou. Então eu separei
uma pequena pá, um cutelo, e uma faca. Eu não estava sendo guiado por um ódio
cego, um ciúme doentio. E estava gostando. Eu disse acima que religião é para
os fracos, mais se eu tivesse uma não teria tomado essa decisão. Coloquei tudo
numa mala de viagem e disse que viajaria por uns dias para o porteiro do
prédio.
A chuva caía fraca, a razão
tentou me parar, mas eu já estava decidido, ninguém ia brincar comigo de novo, ninguém
ia ter pena de mim de novo, e ninguém ia me salvar... Ou salva-la.
O parque estava vazio na hora
marcada, estava com uma capa de chuva, e botas de cano alto que já estavam
cheias de lama. Ela chegou na entrada do parque, saiu do carro, e vestiu a capa
de chuva amarela com uma touca que cobria os cabelos.
Convenci ela entrar mais no parque e ingenuamente
ela foi logo perguntou se eu ia viajar, se estava bem. Não me reconhecia mais, o ciúme a vingança e
ódio me dominaram, fizeram de mim um escravo. Sem falar nada abri a mala,
retirei a pá. e vi sua expressão de medo, ela ficou paralisada de medo,
indefesa. Mas eu senti um poder incrível sobre a vida dela.
Sem hesitar acertei um poderoso golpe em sua
cabeça a ultima coisa que ela viu foram os “olhos verdes do ciúme. Ouvi um breve
sussurro e logo ela expirou...
Tratei logo de esconder o corpo
no meio da mata encobrindo com lama pra ser mais difícil encontrar depois... Procure
lá no parque na parte norte. Vocês vão achá-la. A última imagem que tenho dos
seus olhos verdes, é um olhar vazio pra o nada, sem nenhuma centelha de vida. Diferente
dos olhos lépidos que conheci a alguns meses atrás. Mas espere ainda não
acabei...
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