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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

MESSIAS: PARTE FINAL

ATO IV

BOTAS

Voltei o mais rápido o possível para meu apartamento, as 21h22 minutos eu já estava dentro de casa. Quando eu cheguei na claridade que eu percebi que minha capa de chuva e minhas botas estavam sujas com uma mistura de lama e sangue, o sangue dela.  passei muito mau pensando no que fiz, meu coração estava pesado como uma grande rocha presa ao meu peito, e o parecia que eu ouvia alguém me acusando ao pé do ouvido, sentia a respiração e a presença “dele” e comecei ouvir sua voz claramente:
 - Agora você já fez! Está satisfeito seu assassino!  Seu assassino!
Eu respondia murmurando:
- Não, saia daqui! Foi por impulso! Perdoa-me Aghata! – mas a voz zombava de mim e ria insanamente.
 - E agora o que você vai fazer seu doente? Seu maníaco! Esconda tudo! Queime tudo! Queime o apartamento e você junto com ele. Vai ser perfeito! – dizia aquela  aquela voz horrenda ria sem parar.

Então eu pensei em queimar todas as roupas e as botas, mas como faria? Lá fora caia uma chuva muito forte! Resolvi queimar só as roupas e a capa que eu vestia. Mas aí o cheiro de queimado atrairia a atenção dos vizinhos. O que fiz foi colocar tudo dentro de um saco de lixo para dispensar na manhã seguinte já que a coleta do lixo seria cedo.  Menos as botas estavam no saco de lixo, elas me incomodavam, porque estavam ensopadas de lama e lavadas com o sangue dela.

 - Lave elas, Lave elas! A voz dizia. Com minha visão periférica eu via Ághata morta em pé com olhos de ira e acusação. E às vezes eu via uma sombra negra que me perseguia e falava comigo, eu até sentia seu odor! Parecia chorume.

Resolvi lavar as botas na lavanderia. Fiquei uns vinte minutos lavando, esfregando, usando todo tipo de produto de limpeza. Mas a lama e o sangue não saíram simplesmente à lama escorria e parecia brotar da bota, o sangue também não saia, parecia não ser limpo de forma alguma.
Eu ficava olhando aquela bota imunda dentro do tanque, a água limpa escorria sobre ela e a lama permanecia. Era impossível o que eu estava vendo.  Com minha visão periférica ainda conseguia ver aquele espectro nojento me sondando.
Depois de alguns minutos tentei lavar as botas novamente, enquanto lavava via cada cena desse dia de forma viva, como tivesse acontecendo novamente. A água não adiantava as botas ainda estavam sujas e fedorentas, fediam a lama podre e sangue. Como podia ser possível isso?  Eu fiquei lavando as botas por mais duas horas, com pequenos intervalos para o descanso, enquanto eu descansava via claramente Ághata chorando ao meu lado, sendo envolvida por aquela sombra demoníaca que a envolvia em seus braços. Tentei de todas as formas limpar as botas, mas elas não eram limpas por nada. Elas seriam a prova irrefutável do meu crime passional, da minha loucura, da minha fraquza, eu já sabia  a melhor solução, aquela  perfeita.

Eles nunca me pegariam não me jogariam numa cela. A imprensa sensacionalista não ganharia milhões as minhas custas.  A solução foi à mesma de Othelo, de Píramo...
Subi nessa cadeira, com uma gravata nas mãos, amarrei firmemente no ventilador de teto e sorri, depois disso não sei que vai acontecer. Talvez você perito criminal nem leia essa carta suicídio, mas se ler, não fique com pena de mim, mas com pena dela que era inocente e só queria um irmão. agora deve ter passados horas, talvez dias, até o vizinhos sentirem o odor do meu cadáver, que será encontrado pendurado aqui nessa sala, com uma gravata vermelha enrrolada no pescoso como uma verdadeira serpente da culpa e do arrependimento sincero.
  Não contem para os meus pais, para meus parentes me enterrem como indigente, porque é isso que eu sou, um nada.  Antes de subir na cadeira eu tirei uma foto, pra vocês verem o meu rosto aliviado por saber que eu não sofreria nunca mais.

FIM


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