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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Promessa de Vidro - Por André C.O.


Não havia quase nada naquele aposento . Um janela que permanecia fechada, uma cadeira e no meio do salão o objeto mais notável. Um caixão de vidro. Roselyn estava ao lado do caixão observando quem  estava dentro dele.
- Quanto falta eu sinto de você. Minha vontade é deitar ai ao seu lado. Por que você me deixou?  Você prometeu que voltaria para mim e eu acreditei. Acreditei, mas te vi escorrendo de meus braços.
E ela ficava ali como que se esperasse uma resposta. Continuou observando e teria ficado ali por mais tempo se não tivesse sido interrompida pelo barulho de alguém batendo na porta. Deveria ser importante pois seus criados sabiam que ela não gostava de ser incomodada quando estava ali dentro.
- Um momento –gritou
Deu uma ultima olhada para o caixão. A moça continuava lá da maneira que estava desde que foi colocada lá. Seu corpo não se deteriorou e nem envelheceu. Continuava bela como sempre fora. Roselyn se despediu com um beijo na tampa do caixão e se dirigiu á porta. Ao abri-la deu de cara com seu Rubens, seu mordomo.
- O que deseja Rubens?
- Desculpe-me o incomodo minha Senhora mas Mr. Hogan esta ai para ve-la
- Mr Hogan? Pois bem, diga á ele que eu o espero na biblioteca.
- Sim Madame.
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Mr. Hogan entrou na biblioteca. Já estivera ali antes. A estante de livros empoeirados. O bar com as as mais variadas bebidas e a mesa cheia d papeis com anotações. E, assim como das outras vezes, haviam os corvos. Vários deles. Entravam e saiam pela janela que ficava atrás da mesa. Alguns pousavam sobre ela, outros sobre a estante, alguns no bar e ainda outros pousavam pelo chão. Ele nunca gostou disso. Achava aquilo repugnante. E sentada em uma cadeira atras da mesa estava Roselyn. Com seu ar de superioridade que constrangia quem olhasse para ela. E mesmo depois de alguns encontros, Mr. Hogan ainda não estava acostumado. La estava ela, com seu sorriso malicioso que junto com a presença dos corvos, dava um ar assustador ao ambiente.
- Ola Mr. Hogan
- Ola Roselyn.
- Á que devo a honra de sua visita? Espero que traga noticias.
- Infelizmente ainda não consegui localizar o item que me pediu.
A expressão de Roselyn se alterou. Seu rosto agora estava fechado e seu olhar parecia arder em chamas.
- Não preciso que venha até mim relatar seu fracasso.
- Você tem que entender. O que me pediu não é fácil. Não se vê um desses á venda no mercado.
Roselyn se tornava cada vez mais fria. Mr. Hogan então continuou.
- Bom, na verdade encontrei uma pessoa. Ele é bom. Falou que pode realizar uma busca. Mas vou precisar de dinheiro.
- Acho que já lhe dei dinheiro o bastante para tão pouco retorno.
- Entenda minha cara, essas coisas são difíceis de se conseguir mas se me der mais tempo...
- Seu tempo acabou Mr. Rubens
- Como assim?
- É isso mesmo que entendeu. Esta dispensado
- Mas foi você mesmo quem disse que faria de tudo.
- Sim, mas fazer tudo buscando um objetivo é diferente de gastar meus recursos em vão. Agora pode se retirar.
- Não pode fazer isso comigo.
- Foi um prazer Mr. Hogan.
Mr. Hogan então se levanta e apoiando os braços na mesa inclina-se na direção de Roselyn e começa a esbravejar:
- Não pode me dispensar como um cachorro depois de tudo que eu fiz! Eu sei o que você faz aqui! Sei das suas atividades deploráveis! E conheço muita gente que não ficaria nada contente com isso!
- Por acaso esta me ameaçando?
- Apenas estou colocando as cartas na mesa. Não aceitarei ser descartado.
Roselyn permaneceu calada olhando para Mr. Hogan. Ele então se levanta e se prepara para retirar retira
- Isto não ficará assim Roselyn.
Ao se virar ele se depara com um bando de corvos bloqueando a passagem da porta.
- Criaturas miseráveis.
Mr. Hogan repara então que em toda a sala há mais corvos do que tinha quando ele entrou. Não estão mais saindo e entrando pela janela. Estão todos olhando fixamente para ele.Com um frio subindo pela espinha ele olha para Roselyn. Ela permanece com a expressão inalterada, parecendo os próprios corvos encarando Mr. Hogan. Então aquele sorriso malicioso surge em seu rosto. Neste instante os corvos avançam sobre o homem que mal tem tempo de reagir. Infinitas bicadas atingem seu corpo. Ele grita enquanto eles beliscam e arrancam pedaços de sua carne. Logo não se pode mais ver o homem no meio de tantas aves negras. Os gritos se tornam mais estridentes até que finalmente cessam.
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Roselyn esta novamente ao lado do caixão de vidro. Suas mãos deslizam sobre a superfície fria enquanto ela observa a moça que parece absorvida num sono tranquilo, como se pudesse acordar á qualquer momento.
- Ó minha querida. Sei que pode me ouvir. Sei que enquanto falo suavemente pode se lembrar de mim. Estaremos juntas novamente um dia. Eu irei achar um jeito de te trazer de volta. Eu prometo minha irmã.


Um comentário:

  1. Daora esse conto. Me lembro bastante um livro que tô lendo. Aquele que o Wellington passo pra mim. Branca dos mortos e os sete zumbis. Mano vc divia ler. Seu conto ta daora. Um suspense interessante. Lendo tive a mesma sensação que tenho quando leio Edgar Allan Paul. Lógico q a gente ainda tem que caminhar muito pra chegar no nível dele kkkkk mas acho que tu ta no caminho rsrs parabéns.

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