"SERVANTO"
- Nem tudo. Eu disse que tudo parte de algo que já existe. Historias são construídas a
partir de um fundamento real.
- Entendi.
A criatura tirou de dentro de seu sobretudo um livro muito antigo e entregou para
Saulo.
- Pegue esse livro e leia com atenção. Ele conta a historia do meu mundo, o mundo
das criaturas mágicas e qual é a nossa relação com os humanos.
- Obrigado – disse Saulo – Porque você apareceu logo aqui nesse casarão antigo?
- Porque foi mais fácil chamar sua atenção daqui desta casa, já que seu foco era
conhecer este lugar.
O Ninf olhou para Fred, que ainda estava calado e disse:
- Provavelmente seu amigo vai achar que foi tudo um sonho ou um pesadelo quando
voltarem, a julgar pelo estado em que ele se encontra.
- Como assim voltar? – perguntou Saulo.
- Você não percebeu. Os dois estão no meu mundo agora. Nós vivemos
paralelamente com vocês deste mundo, mas vocês não podem nos ver e nós não podemos
invadir o seu lar. – respondeu o Ninf – Agora vocês tem que ir, meu tempo aqui acabou, leia
esse livro, não se esqueça.
- Uma ultima pergunta. Existem humanos no seu mundo?
- Sim. Muitas histórias são inventadas, mas lembre do que lhe disse antes, todas elas
partem de um fundamento real.
O Ninf os conduziu para o hall da casa e disse:
- Quando eu contar ate três vocês vão voltar ao seu mundo e vão pensar que tudo
isso foi um sonho, daí por diante vai depender de vocês acreditarem ou não.
- Vamos te ver de novo?
- Creio que não meu jovem. Esses eventos não acontecem com frequência. Apenas
alguns têm a sorte de passar por essa experiência, e nem todos saem acreditando que foi
real. A maioria sempre acaba acreditando que foi um sonho.
- Então adeus. – disse Saulo.
Fred apenas conseguiu acenar para o Ninf.
- Adeus e se cuidem. – disse a criatura. – A propósito, desculpem minha falta de
educação, ainda não me apresentei, me chamo Servanto. Leia o livro, talvez você encontre
algo sobre mim.
O Ninf contou até três e de repente os dois estavam no pé da escada do casarão.
Estavam ouvindo o barulho da avenida movimentada. Tinham voltado para o seu mundo. Os
dois se olharam e Fred disse:
- Cara que estranho, eu to com uma sensação de que aconteceu alguma coisa aqui,
mas não sei o que foi. É melhor a gente não continuar.
- Eu também to com essa impressão, mas já que a gente ta aqui vamos ver pelo
menos como é lá dentro.
Saulo seguiu para a porta. Fred relutante o seguiu. As estatuas já não estavam lá de
cada lado da escada. Os dois conseguiram abrir a porta e viram que lá dentro, no primeiro
cômodo, parecia ser uma grande sala, mas estava tão deteriorado quanto do lado de fora.
Eles decidiram não ir adiante, estava muito escuro o ambiente.
Já estavam saindo quando Saulo viu em cima de uma pequena mesa um livro bem
antigo. Ele pensou duas vezes antes de pegar, mas acabou levando o livro com ele. Os dois
saíram conversando sobre aquela sensação estranha. Os dois não se lembravam mais do que
tinha acontecido a semana passada, só lembravam que tinham entrado lá e que o
funcionário não tinha deixado eles continuarem.Também não lembravam do que tinha
acabado de acontecer. A única coisa que sabiam é que queriam conhecer o casarão por
dentro e conseguiram pelo menos ver uma pequena parte.
Tudo parecia estar normal, mas algo iria mudar assim que Saulo iniciasse a leitura
daquele livro antigo.
FIM
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