"SERVANTO"
No dia seguinte pela manhã, os dois estavam em frente ao casarão, convictos do que
iam fazer. Eles procuraram uma brecha no cercado de madeira. Deram uma volta em todo o
terreno até que nos fundos acharam uma pequena abertura e como eram dois jovens bem
magros conseguiram entrar, antes de darem uma olhada para ver se não tinha ninguém os
observando. O primeiro passo da missão já tinha sido concluído. Fred já sentia as suas
pernas travarem um pouco, já Saulo sentia que sua empolgação aumentava. Os dois
seguiram para frente do casarão, olharam para cima, para a janela onde viram a criatura
uma semana atrás, mas dessa vez não viram nada. Tudo estava muito calmo, não se ouvia
barulho nenhum, eles nem perceberam que não ouviam nem o barulho da rua, pois era uma
avenida bem movimentada.
Eles subiram as escadas, entraram no hall e ficaram de frente a porta. Antes de
conseguirem abrir a porta alguém do lado de dentro foi mais rápido e a abriu primeiro:
- Bom dia meus jovens. Estava esperando por vocês. Sabia que viriam – disse a
criatura ao abrir a porta.
Saulo e Fred não estavam conseguindo acreditar no que seus olhos estavam vendo.
Diante de seus olhos estava uma criatura que tinha uns dois metros de altura, corpulenta,
possuía uma barba enorme como daqueles magos das historias medievais, sua pele era
muito enrugada com uma tonalidade esverdeada, grandes orelhas e olhos bem escuros.
Estava vestindo uma roupa bem estranha, calças largas e pretas e algo que parecia um
sobretudo preto. Sua roupa e seu jeito de falar pareciam formais. Fred, como era de se
esperar, pensou em correr, mas suas pernas travaram. Saulo, por sua vez, não se deixou
dominar pelo medo que quase o pegou desprevenido. Ele não podia perder a oportunidade
de saber o que significava toda essa situação. Ele gostava disso, lia muitos romances desse
universo fantástico onde existem milhares de criaturas mágicas e agora ele estava vendo
uma pessoalmente. Não podia negar que ficou assustado, mas a sua empolgação era maior
que seu medo.
- Não tenham medo crianças. Entrem, vou responder todas as suas perguntas se me
for possível é lógico. – disse a criatura.
Saulo entrou carregando Fred pelo braço. Os dois avistaram uma sala enorme,
parecia que estavam em um mundo paralelo ao deles. Era algo impressionante. O casarão
por fora estava todo deteriorado, mas por dentro parecia uma daquelas grandes mansões
dos tempos antigos, bem iluminada com grandes lustres. Eles estavam no que parecia ser
uma sala de visitas que tinha dois grandes sofás e poltronas. Do lado de cada sofá havia uma
bandeja com uma xícara de chá e uns biscoitos. A criatura levou os dois até um sofá para que
se sentassem e sentou no outro sofá.
- Fiquem a vontade meus jovens. Tomem o chá e comam esses biscoitos, estão
ótimos – disse a criatura – não se assustem com minha aparência, fiquem tranquilos, a
presença de vocês aqui já era esperada, eu sabia que voltariam se me vissem pelo menos
uma vez e aqui vocês estão.
Fred não conseguia se mover, estava muito impressionado com aquilo tudo, então
Saulo começou um dialogo com a criatura:
- Isso tudo é real?
- Você acha que isso é real?
- Não sei to confuso, parece real, mas na verdade é muito estranho. Parece que eu
entrei em uma das histórias que eu costumo ler.
A criatura o olhou fixamente para Saulo e disse:
- E você acha que as histórias que lê são apenas invenções tiradas da mente humana?
- Até hoje acreditava que sim. Mas vendo você, vendo esse casarão por dentro,
vendo aquele brasão que só existe em uma ficção, mas que esta gravado em uma estatua
que é mais antiga que a ficção eu fiquei perdido.
- Pelo visto você e seu amigo sabem o que eu sou.
- Sim você é um Ninf, uma criatura que escolhe uma família para proteger e cuidar. É
quase que um mordomo do mundo mágico. Na saga da família Migs sua espécie aparece
muito. Inclusive foi nessa literatura que meu amigo achou o brasão que esta nos escudos das
estatuas lá fora – respondeu Saulo.
- Ótimo – disse a criatura – muito bem, você conhece alguma coisa sobre o meu
mundo, mas ainda lhe falta muito para aprender. Eu já observo você há algum tempo –
continuou o Ninf – sempre passando aqui com seus amigos, sempre querendo conhecer essa
casa, sempre falando sobre o mundo mágico que para você não passava de uma ficção. Eu
estava esperando esta oportunidade para lhe explicar que estas histórias não são criadas do
nada, elas partem de algo que já existe. Partindo desse principio os humanos deixam sua
criatividade fluir para criar grandes epopéias.
- Você ta me dizendo que tudo isso que eu já li até o hoje é real? – perguntou Saulo.
CONTINUA...
o texto esta ótimo, bate perfeitamente com a conversa que tivemos uns dias atras,sobre os sábios, quando alguém faz uma pergunta para um sábio, muitas das vezes ele não responde diretamente, ele faz outra pergunta para você mesmo achar a resposta de sua p´ropria pergunta.
ResponderExcluirta muito bom mesmo este conto.
Parabéns
Vlw Mano
ResponderExcluirEu achei ele bem simplório e viagem total, mas tentei ao máximo fugir dos clichês, até pq o concurso pedia isso. Mas não sei se consegui. Bom, ta aí e logo mais sai o final dele. Por enquanto curtam o texto do André sobre o que é real.